quinta-feira, 29 de junho de 2017

Longe dos olhos, dentro do coração





Você era uma das nossas protegidas mais doces. 
Apesar do jeito rebelde, não negava com o olhar o carinho que tinha por nós. Nos observava e, às vezes, permitia até uma pequena aproximação. 
Diariamente, a gente se encontrava. Nos últimos quatro anos foi assim. 
Frajolão, o gatinho desconfiado, era seu melhor amigo. Dividiram o mesmo comedouro durante muito tempo, lembra? Até que um dia, de repente, você ficou sozinha. Seu fiel companheiro saiu para uma volta e nunca mais voltou. Sequer pôde se despedir de você. Foi atropelado e morto na rua. Deixou para trás o vazio, mas você se acostumou à ausência. 
E agora, que ironia do destino... A história se repete... Desta vez foi você que deixou o vazio - ampliou a falta que o Frajolão já fazia. 
Na tarde de 28 de junho, a irresponsabilidade e a imprudência de um motorista atingiram você em cheio. Ficou a marca de sangue no asfalto. 

Vieram nos dar a notícia. Custamos a acreditar que pudesse ser verdade. Afinal, você estava em um ambiente seguro, tinha um jardim só pra você, comida, água. Tinha a gente... 
Tudo parecia tão perfeito... Lembra que você até apareceu no Correio Braziliense na matéria sobre o Projeto Linda? 
Ainda estamos sob o efeito da surpresa e da revolta, mas precisamos continuar. O que aconteceu com você não pode se repetir. Chega! É o compromisso que temos com você e com todos os outros que continuam aqui, sob a nossa proteção.  É por vocês que lutamos.

Obrigada, Branquinha!
Você agora está  longe dos nossos olhos, mas, pode ter certeza jamais vai deixar nosso coração.
   

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Mensageira dos deuses

O dia de trabalho era como qualquer outro dia. Nada além da rotina, pelo menos até o telefone tocar com o alerta de que um filhote estava miando muito perto da janela da biblioteca. Estranhamos, porque há tempos não eram vistos bebês por aqui, principalmente depois das castrações dos adultos. Mas, enfim... A pequena fêmea escaminha estava mesmo lá: linda, porém muito assustada e ferida. A partir daquele momento, mais uma vidinha estava sob a nossa responsabilidade...
Foi tratada, alimentada, castrada e vacinada. Passamos a chamá-la de Camille, nome que combinava perfeitamente com a sua meiguice delicadeza. O tempo foi passando, ela foi crescendo no nosso lar temporário e nada de aparecer alguém interessado em adotá-la. 
Infelizmente, pretinhos e escaminhas não estão entre os preferidos das pessoas que ainda tratam outros seres como objetos de consumo que precisam se enquadrar em falsos referenciais de beleza e estética. É gente que não consegue perceber a sofisticação dos gatos pretos e a fascinante genética das tricolores e escaminhas...

Mas, a nossa pequena "mensageira dos deuses" - significado de Camille - estava predestinada e acabamos entendendo isso tempos depois. Foi adotada por uma família linda. A única que realmente a quis e a acolheu logo no primeiro encontro. O casal Leo e Fabiana é um exemplo de educação das crianças que, mesmo pequenas, já sabem o quanto é importante proteger e valorizar nossos companheirinhos de jornada.  

Hoje, Camille é uma das nossas hóspedes mais queridas sempre que a família viaja.




 

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Príncipe Raj

Para quem ainda duvida que milagres acontecem, a história do pequeno Raj é uma prova de que a fé e o amor a um bichinho são capazes de mover montanhas.

Raj foi resgatado ainda filhote de olhinhos fechados com a mãe. Estavam em uma espécie de churrasqueira numa cozinha desativada, um local escuro e frio, porém protegido dos perigos da rua. Era o único bebê. Foram três dias de tentativas vãs até os dois serem retirados de lá e levados para um hotelzinho onde, durante pouco mais de um mês, foram acolhidos até o desmame.

A adoção do Raj foi imediata. Alessandra e sua família o receberam como um príncipezinho. Tinha carinho, brinquedos e comida boa, até o dia em que, assustado com uma reforma na casa, escapou para rua. Foram três meses de agonia. Faixas, cartazes, postagens no Facebook, oferta de recompensa e nada... Até que uma vizinha da família comentou sobre um gatinho branco que estava aparecendo com frequência para comer. Era ele.

O desafio era atraí-lo e resgatá-lo em segurança. Estava assustado demais para vir espontaneamente. Os dias e semanas foram se passando. O medo de que alguma coisa acontecesse com ele era grande... Ser atropelado, atacado por um cachorro ou mesmo ser maltratado: tudo era possível. Rezar, rezar, rezar era a única alternativa, além de continuar tentando o resgate.

Na manhã do dia 27 de novembro, domingo, finalmente, a notícia que todos esperavam. Raj entrou na gatoeira. Sujo e faminto, mas sem sequer um arranhão.

Sim! Milagres acontecem!

O primeiro soninho de volta pra casa... 






Ainda na rua, antes de ser resgatado








Hoje, depois do susto, com a irmãzinha Nina...

A doce Pandora

Feitas uma para outra. A gatinha Pandora e sua nova mãe Maria Quitéria, desde quando se viram pela primeira vez, ainda no lar temporário da tia Jurema, não esconderam o vínculo que as uniria dali pra frente. Muitos afagos e lambidinhas depois, a adoção foi inevitável. Quitéria voltou pra casa, comprou o enxoval inteiro, providenciou a colocação das telas no apartamento e combinou o dia de receber a gatinha. Pandora foi resgatada na rua, junto com três irmãozinhos - infelizmente, um adoeceu dias depois e não resistiu. Os outros, ambos machinhos, ainda esperam por uma familia definita.

Sobre o amor desta nova família, as palavras de Quitéria não deixam dúvidas sobre a sinceridade deste encontro de seres. Não posso deixar de reproduzir aqui...

"Ganhei muito mais do que Pandinha, por ela ter me adotado"










Os irmãozinhos da Pandora... Precisando de um lar.



Nina ganha novos irmãozinhos

Hoje, o dia amanheceu mais leve... Recebemos as primeiras fotos da Nina Simone em casa, ao lado dos dois irmãozinhos. Momento fofura total...






De volta ao blog

É verdade... Passamos muito tempo sem atualizar as nossas postagens aqui.
Por uma série de motivos, nem sempre tinhamos condições de parar para contar tudo o que temos feito,  nem contar sobre os gatinhos que resgatamos e sobre o final feliz de vários deles que conseguiram encontrar uma família definitiva.
É uma rotina trabalhosa, mas muito gratificante que nos incentiva a não parar nunca e nem pensar em desistir em momento algum. Enquanto a humanidade está tão conturbada, se dedicar a essas criaturinhas é um alívio para a alma, é o que nos sustenta como cidadãos e como seres humanos que acreditam no amor incondicional desses pequenos seres de luz que cruzam o nosso caminho.

Bem, prometemos (aos pouquinhos, claro) ir contando tudo, as histórias de cada um deles, as fotos, enfim... Vamos falar sobre os eventos que participamos - afinal a proteção animal não vive só de amor. Precisamos de recursos para castrar, vacinar, vermifugar, alimentar... E só com o nosso trabalho e a colaboração imprescindível de tantos amigos que contribuem com doações, é possível continuar.
Assim tem sido nos últimos sete anos, desde que o Projeto Linda começou. Aliás, é a Linda, nossa primeira gatinha resgatada, que devemos tudo o que já conseguimos fazer até hoje. A perdemos... Infelizmente, não resistiu às péssimas condições em que foi encontrada, mas foi graças a ela que abrimos os olhos para tantos outros que também estavam precisando de cuidados e atenção e que vieram depois dela...

Pois bem. Vamos começar falando sobre os bebês resgatados mais recentemente. Nina Simone apareceu na gráfica, perdida, desesperadamente faminta. Aqui no nosso trabalho, na manhã do dia 8 de junho, ela se tornou o centro das atenções. Foi amor à primeira vista. Na foto, Nina com as várias tias e a mãe, Iara.