sábado, 27 de agosto de 2011

Bazar confirmado

Tudo certo para nosso primeiro bazar do Projeto Linda.
Segunda e quarta-feira, dias 29 e 31 de agosto, das 11h às 14h, na sede da Embrapa em Brasília, vamos ter a chance de falar sobre a iniciativa com os empregados e tentar arrecadar recursos para os novos atendimentos que vamos precisar fazer. Ganhamos muitas coisas - peças de decoração, mais de 150 CDs, roupas, artesanato, utensílios de cozinha. Tudo dado por pessoas que acreditam na importância da contribuição para iniciativas voluntárias que dependem de parceria para formar uma rede em benefício de um objetivo comum.
Mandamos fazer camisetas, banners, fo lders - claro que tudo muito domesticamente preparado, mas com a dose de carinho que precisava, por isso os defeitinhos nem vão aparecer (espero). Nossas pequenas criaturinhas merecem...

Gabi vai para nova família...

Hoje de manhã, a primeira das quatro "mariazinhas" foi adotada... Gabi, com a sua doçura, ganhou uma nova família, que veio buscá-la e, apesar do coração apertado, senti que vai ser feliz. Aliás, esse é um dos problemas que tenho que superar: o apego a essas criaturinhas que passam por aqui. Somos apenas um lar temporário, que se destina a cuidar da saúde delas, introduzi-las à realidade doméstica e encaminhá-las às casas definitivas. Mas, ainda é difícil... Fica a pontinha de saudade no coração... Confesso até que perdi a oportunidade de registrar o momento das crianças com ela, o primeiro contato, o encontro entre eles, para colocar aqui no nosso diário do projeto.
Mas, enfim, estamos tranquilos... Não há dúvidas de que a pequena Gabi, a ursinha, vai ficar muito bem e amor não vai faltar para ela. 
Docinho, Manu e Nina estão aqui e em breve também vão encontrar seus novos caminhos...

Depoimento de amor


Raras vezes a gente tem o privilégio de ouvir declarações de amor aos animais tão lindas... Esta não poderia deixar de ser compartilhada e, se Deus quiser, vai ser lida por muitas pessoas que ainda não descobriram,  não abriram o coração para sentir o que significa amar incondicionalmente... Amar uma criaturinha indefesa, que não estava à venda no petshop, não tem pedigree, vivia nas ruas, atrás de comida e água e sequer tinha um abrigo quente para as noites mais frias...
A Raquel, tutora do Snow, é o símbolo do que representa o Projeto Linda e, para nós, é a motivação para continuar o nosso trabalho, passando por cima das adversidades, das manifestações de incompreensão e até escárnio, deboche... São Francisco tem nos aberto os sentidos, aguçado a nossa percepção e acalentado nossos corações para que não nos deixemos abater... A cada dia, temos plena consciência de que essa é a nossa missão...
Vale a pena ler todo o depoimento dela e pensar no que significa...


"Assim que vi a foto do Felício e seu irmão, achei-o muito lindo. Seu pelo branco e olhos azuis me encantaram. Eu nunca tive um gato, mas sempre adorei os bichos. Há algum tempo vinha amadurecendo a idéia de ter um bichinho para ser meu amiguinho no dia-a-dia. Pensei em um cachorro, mas ele pede atenção demais. Pensei numa tartaruga, mas em sua hibernação eu iria me sentir sozinha. Eis que vi a foto do Snow para doação. Logo pensei: um gato! Um bichinho asseado e independente, brincalhão e fofo!
Depois da foto, pensei por uma semana se pegaria o gato. Eu tenho a saúde frágil  e essa foi minha maior preocupação na adoção, mas  após algumas pesquisas na internet sobre saúde e pets  resolvi pegá-lo. Os amigos e familiares de tanta empolgação logo me ajudaram, com doação de brinquedos, vasilhas para xixi  e outros utensílios e, claro, carinho.
No dia 19/04/2011 foi a nossa primeira noite.  Foi muito difícil  - nós não dormimos. Ele miava tão alto, que parecia que estava com muita do. Apelei para  Santo Antônio, afinal ia incomodar os vizinhos, sem contar que ele não podia me ver que saía correndo.  Outro detalhe é que por dias ele se escondeu embaixo da geladeira e de lá não saía.  Não nos víamos. Comprei um petisco mais atraente, com cheiro de patê francês para conquistá-lo e foi a grande ajuda.
Após duas noites mal dormidas o príncipe Snow começou a se render, a me olhar, até a comer na minha mão, mas pegá-lo ou fazer carinho era impossível. Então no quarto dia, eu bloqueei o acesso dele embaixo da geladeira com papelão e enfim ele veio mais perto de mim... olhando meu sono, percebendo cada movimento meu, brincamos.
Ao longo de dois meses essas foram as sensações, sem muito progresso, eu estava muito cismada com o comportamento do Felício Snow. Ele continuou fugindo quando eu tentava pegá-lo. Quando ele se sentia invadido me batia com a patinha, sem contar que ele rosnava! Ah!  Descobriu o sofá e começou a fazer xixi todos os dias lá!  Então me preocupei, pois a única coisa que o projeto fez antes de entregá-lo foi castrar e vermífuga-lo, logo deduzi que tinha algo errado com meu gato. Resolvi novamente buscar informações na internet. As tutoras do projeto me auxiliaram muito, os amigos e familiares que tinham gatos também.
Todos acharam muito estranho o comportamento dele, me pediram paciência, mas o Snow estava crescendo e perdendo a noção de carinho, eu tinha que acelerar meu passo. Eu acredito que algumas pessoas até pensaram que eu estava maltratando o tigrinho branco.
Diante disso, levei ele pela primeira vez ao veterinário em Junho, onde foi vacinado e vermifugado a segunda dose.  mas foi preciso três homens, com luvas de pedreiro para segurar o gatinho. Senti uma grande ânsia de choro, achei que foi muita crueldade, apesar de conhecer a boa índole e fé o veterinário, que me disse que ele não tinha nada, que estava tudo bem, mas ele seria um gato bravo e jamais chegaria perto de mim .
Ainda sim muito preocupada com tudo, e inconformada com a explicação de um veterinário experiente, resolvi leva-lo no hospital veterinário da UNB, no final de Julho, pois lá ele seria tratado por uma veterinária que trabalha somente com felinos,  e tudo poderia mudar, essa foi minha esperança.

Diante dessa motivação, levantei às 5hs da manha e no dia escolhido levei o meu gatinho. Foi  um corre corre até ele entrar na caixa de transporte,  demoramos  no Hvet toda a manhã, mas a consulta foi maravilhosa, lá descobrimos sarnas nos dois ouvidos, que foram limpos pela equipe. A veterinária o pegou pelo pescoço, uma técnica para render o animal de uma forma menos assustadora.  A consulta dele durou trinta minutos, tivemos uma conversa longa, todas minhas dúvidas foram sanadas, tive dicas de como tratar melhor meu gatinho e compreender a sua característica.
Atualmente o Felício Snow toma duas gramas do antidepressivo amitriptilina, para melhorar seu comportamento. Ele é muito medroso e ao sentir ameaçado foge, se esconde, marca o seu território sem parar ( Xixi no sofá), com essa medicação ele irá melhorar o seu comportamento, torna-lo menos medroso para viver melhor com os obstáculos da vida e nas idas ao veterinário posso dar seis gotinhas de amplictil assim ele fica sedado e não preciso correr pela casa para coagi-lo,  coloca-lo na caixa de transporte ficou mais fácil.
A alimentação dele juntamente com os remédios são controlados, faço uma anotação diária sobre o comportamento dele, para averiguação do efeito da medicação. Quando ele ficar mais confiante espero retirar a medicação de forma gradativa, juntamente com a indicação do veterinário.
Nesses seis meses, aprendi com meu gato que devemos respeitar as diferenças, sei que talvez ele nunca seja dócil, ou vai me pedir colinho, nem sei se irá me lamber um dia como carinho mas ele é lindo só de ver...as baguncinhas que ele faz em casa alegram meu dia, em noites de insônia é com quem converso e dou o lençol para ele brincar, é quem quando pula na cama sinto o colchão afundar, ele é simplesmente lindo, são tantos os motivos positivos e peripécias dele que me animam a tê-lo em casa."