quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Dia de fortes emoções...

Montar as gatoeiras para o resgate dessas pequenas criaturas ainda é um sofrimento... O coração acelera e a gente se sente meio culpada ao perceber o olhar de cada gatinho observando o movimento de montagem das armadilhas...
Mesmo depois de tantas experiências, é inevitável... É um amor dividido que hesita diante do desejo de mantê-los livres e da certeza de que precisamos protegê-los das más condições de vida e dos maus-tratos das ruas.
Na tarde de terça-feira, foi assim de novo... Enquanto eu montava a gatoeira com a ajuda do Donizete, segurança da nossa Unidade, a gatinha observava atentamente... A intenção era resgatar os três filhotes para adoção e ela própria para castração e tratamento. Até o último instante, até o momento em que saí com o carro, ela esteve lá... Não tirou os olhos de mim - os mesmos olhos que eu revi durante toda a noite insone, preocupada com o que poderia estar acontecendo enquanto eu tentava dormir...
Hoje cedo, a expectativa de descobrir quem poderia ter entrado na armadilha era grande, até o momento em que me deparei com o pequeno bebê, um dos três filhotes da gatinha cinzenta...
Estava assustado, claro, mas em nada se parecia com os outros que já havia sido pegos... Tinha medo, mas não ameaçava...
Agora, neste exato momento, está na minha casa, no quarto ao lado - o mesmo que já foi abrigo de outros filhotes e adultos recém-operados. Choraminga baixinho... Imagino o que deve estar sentindo... Ela (ou ele), que até poucas horas atrás estava junto com os irmãos e a mãe, se vê em um lugar diferente, estranho, apesar de todo o conforto e da alimentação que estamos oferecendo... Falta o aconchego da família que, mesmo nas ruas, estava unida...
A intenção do Projeto Linda é boa e, aos olhos de muita gente, pode até parecer louvável, mas só quem lida com esse dia a dia compreende o que isso significa para nós, em nossos corações...
Amamos essas criaturinhas - isso é fato! - e é em nome desse amor e do respeito que temos por elas, que vamos continuar travando batalhas interiores eternas, que só sossegam nosso coração quando temos a certeza de que nossos protegidos estão bem de verdade... Como o Snow com a Raquel, a Linda e o Jhonny, com George e Isabel, o Tigrinho com a irmã da Jurema, o Tapioca comigo, a Mendiguinhazinha com a Jurema, o Tico e o Teco, com o Wellington... Poderiam estar nas ruas ainda, poderiam estar doentes, com fome, com frio, poderiam estar sendo agredidos, poderiam até estar mortos...
Que Deus nos dê forças...