quarta-feira, 31 de agosto de 2011

As lições nossas de cada dia...

Esta semana, definitivamente, não vai dar para esquecer...
A sucessão de fatos que resultaram em emoções opostas e totalmente extremas em intensidade - da profunda tristeza à alegria - devem fazer parte de mais uma das fases do aprendizado diário que é estar envolvido com proteção animal.
Tenho procurado estar atenta ao significado disso no contexto geral dessa história, mas talvez só o tempo mostre o que realmente está por trás de tudo o que tem acontecido. Em um mesmo período, a amarga dor de um fracasso, em uma adoção infeliz, e a satisfação de poder divulgar o nosso trabalho, encontrar parceiros e ter o reconhecimento da seriedade de uma ação desenvolvida com tanto amor por um grupo de voluntárias.
A fuga da Gabi, depois de tanto esforço, tanto carinho, tanto empenho para que não fosse mais uma criaturinha solta nas ruas da cidade, é uma marca que não vai se apagar... Imaginar que hoje ela está do mesmo jeito que estaria se não tivéssemos cuidado dela - ou pior, afinal ela já tinha se acostumado à comidinha na mão, às brincadeiras, à caminha quente para descansar durante as deliciosas 16 horas diárias de sono felino, e hoje se vê perdida, tendo que procurar comida em alguma lata de lixo, enfrentando os perigos do ambiente urbano, carros, cães e pessoas do mal...
Chorar, infelizmente, não resolve, caso contrário, ela estaria aqui de volta...
Assim, como também não acalma o coração...
Chegar em casa e encontrar as três irmãzinhas dela me olhando ou alimentar a mãe diariamente na Embrapa só machuca ainda mais...
Quando estive à procura dela na Vila Planalto no mesmo dia em que soube o que tinha acontecido, o desespero se misturou à impotência de não poder voltar no tempo, à culpa, enfim, foi uma confusão de sentimentos terrível que transformou tudo aquilo em algo meio surreal, meio fantasioso, como se eu estivesse vivendo uma situação que não era de verdade... Não podia ser de verdade...
Neste exato momento em que estou aqui, onde Gabi está?
Enquanto suas irmãs brincam de subir na janela, esperando para jantar, o que os perigos da noite na rua reservam para ela?
Não quero matar a minha esperança - pelo contrário, essa lição é necessária, até mesmo para fortalecer a minha determinação de fazer um trabalho cada vez melhor e proteger ainda mais essas criaturinhas pelas quais nós não temos medido esforços para proteger...

Mas, e o lado feliz da semana?
Nosso primeiro bazar, planejado e esperado durante tanto tempo foi realizado na segunda-feira e hoje (quarta-feira), com uma visibilidade que superou as expectativas. Tanto é que conseguimos mais um dia para divulgar o projeto e vender nossas doações na sexta-feira.
Gente que nunca vimos, com as quais nunca tínhamos conversado, pararam, compraram, elogiaram, reconheceram a necessidade do trabalho...
Pessoas de todos os setores e de todos os níveis - do mais simples empregado ao dirigente...
Tivemos gratas surpresas com as novas parcerias, os novos colaboradores, gente solidária, disponível - e isso é impagável... Porque são pessoas que ajudam sem questionar, sem criticar, simplesmente, acreditam...
A todos os colegas da Embrapa que apostam, a gente só tem a agradecer... E em especial, o apoio institucional que recebemos desde o começo... Felizmente, o descrédito que esse tipo de trabalho inspira por aí, no nosso caso, não existe...

Bem, só temos a agradecer aos nossos mestres que nos guiam nesse caminho...
Que a Gabi, como a Linda - inspiradora do projeto - represente mais uma lição que precisamos aprender. E que tenhamos a sensibilidade necessária para entender o que ainda não sabemos...

Obs: As fotos do nosso bazar vão ser colocadas aqui para mostrar o sucesso!