quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Ser lar temporário...

Tem situações que envolvem a gente e impedem que percebamos racionalmente o que significa abrigar um bichinho de rua em casa... Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, não é apenas retirá-lo da situação de risco, dar um lugar quente e confortável para que durma e brinque, com água e comida à vontade, sem que precise disputar com outros os escassos pedacinhos de ração... Assim como também não é mantê-lo por períodos definidos enquanto se corre atrás de alguém que os queira para que nos "livremos" deles, passando a responsabilidade...
Nossa! Ser lar temporário é tanta coisa...
É abrigo, sim, mas é, acima de tudo carinho, preocupação, cuidado, zelo, aconchego - tudo o que uma criatura merece para viver com dignidade.
Ao longo desse tempo, temos percebido que a obrigação com eles muito maior do que pensávamos. É preciso estar atento sempre, ver se estão comendo direitinho, se fazem as necessidades normalmente, se têm feridas, machucados, se têm pulgas, fungos, sarna.
É preciso observar e compreeender as diferenças de comportamento, respeitar as personalidades de cada um.
Sim, porque cada um é único: eu mesma seria capaz de garantir que todos os que já passaram pela nossa casa em nada se parecem uns com os outros. Aliás, com o tempo, a gente diferencia até os miadinhos de cada um e interpreta as mensagens - se são de fome, de sede, de ânsia de liberdade, de medo e até de manha...
É preciso ter consciência de que a rotina não será mais a mesma. Os pequenos hóspedes dependem da nossa dedicação. Os cômodos da casa serão adaptados a eles. O escritório vai se transformar em enfermaria, suíte ou parque de diversões para acomodar os gatinhos e suas necessidades.
E até o quarto em que você dorme corre o risco de ter novos ocupantes na mesma cama, principalmente quando há necessidade de separar alguns deles que não estejam tão bem de saúde.

Hoje, na minha casa, somos uma família com cinco hóspedes. Enfrentamos a ciumeira dos donos da casa, mas sabemos que é tudo passageiro...
Na casa da Jurema, são mais quatro minúsculos serezinhos, que corriam risco de não sobreviver e tiveram que ser alimentados na mamadeirinha de três em três horas...
O trabalho é sempre grande, mas a satisfação de chegar em casa e encontrá-los é ainda maior... E mais: vê-los bem é o que mais gratifica...

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