domingo, 30 de outubro de 2011

As surpresas nossas de cada dia...

Hoje, domingo, foi mais um daqueles dias em que a gente fica simplesmente atônito com as coincidências e as "peças" que esse nosso dia a dia no Projeto Linda reservam para a gente. Desde ontem, estávamos nos planejando para resgatar o último filhote da ninhada do bueiro. Três estão a salvo há mais de um mês aqui em casa, mas ainda falta um que, apesar de todas as tentativas, continua morando no mesmo lugar, exposto ao frio e agora ao período de chuvas... Mas, como não foi possível, transferimos a empreitada para hoje, um dia tranquilo, sem qualquer movimento de empregados.
Pois bem, saímos dispostos a tudo e munidos da paciência necessária que esse tipo de trabalho exige. Chegamos na Embrapa por volta das 10h. Paulinho e eu começamos então a organizar a estratégia para atrair o filhote frajola, enquanto Jurema preparava em casa um pedaço de carne que serviria como uma isca diferente dos tradicionais sachês de Wiska's...
Caminhávamos pelo estacionamento, já com o papelão que usaríamos para encurralar o gatinho, quando, nem sei por quê - em um relance - vi dentro de outro bueiro, bem abaixo dos nossos pés uma ninhada. Quatro!!!! Quatro minúsculos filhotes deitados, tentando se esquentar em cima de um monte de folhas úmidas pela tempestade da noite anterior...
São Francisco definitivamente nos colocou ali naquela hora. Não havia dúvidas! Afinal, que razão teríamos para passar exatamente em cima daquele bueiro, se o nosso alvo não era aquele? Por que eu estaria caminhando e olhando para o chão e com que clareza consegui enxergar aquelas criaturinhas pretas dentro de um lugar escuro??? Nâo importa! O fato estava sendo apresentado a nós e era preciso fazer alguma coisa...
O susto: no meio da sujeira e da umidade, os bebês tentavam se esquentar


Paulinho - nosso mentor das atitudes práticas - tomou à frente e saímos em busca de alternativas para abrir aquela pesada tampa de ferro o mais rápido possível, afinal quanto mais tempo permanecessem sobre o chão úmido menores seriam suas chances de sobrevivência.
Encontramos o Roberto, um dos superparceiros do Projeto Linda, empregado da Manutenção, que imediatamente se dispôs a encontrar algo que pudesse funcionar como uma alavanca para suspender a grade. No final das contas, a força dos braços foi a que acabou funcionando mesmo...

Nem a alavanca de ferro aguentou a grade - o jeito foi tirar no braço...


Filhotes são retirados do bueiro molhado


Mas, o desafio estava apenas começando, porque a mãe apareceu e, claro, reagiu a nossa presença e à ameaça que representávamos aos seus filhos. Com jeitinho, ela acabou sendo isolada em um duto do bueiro, enquanto cada bebê era retirado um a um e posto dentro de uma caixa de papelão seca e quentinha.

E depois? O que fazer? Levar os bebês embora e deixá-los privados da amamentação? Não! Na última ninhada resgatada tivemos que fazer isso, mas temos consciência de que era a única maneira de salvar a vida dos filhotes expostos a alta temperatura do motor do ar condicionaldo...

Resolvemos então usar a estratégia de atrair a mãe usando os filhotes para a gatoeira, com o reforço da carne que Jurema tinha trazido de casa... Resumo da ópera: depois de muita armação, muito vai para lá e vem para cá, a gata preta deu um balão em todo mundo. Comeu a carne e sequer fez menção de entrar na gatoeira, que, aliás, desarmou vazia.

A meticulosa estratégia de captura da mãe
A esperança: achamos que a pretinha fosse entrar na gatoeira

A esperteza felina: gatinha-mãe comeu e foi embora


Foram várias e várias tentativas. Foram horas de paciência e observação. E nada!
A manhã parecia estar sendo vã, afinal de contas, o frajolinha que queríamos pegar sequer tinha aparecido...

O jeito então seria criar um ambiente seguro em que os bebezinhos pudessem ficar com a mãe, mas longe da chuva, protegidos. E o bueiro seria o melhor lugar, só que precisava ser adaptado. Paulinho, então, conseguiu aproveitar pedaços de madeira, restos da reforma da sede da seção sindical do Sinpaf, e fez uma caixa que serviria de suporte para a caixa de papelão, onde ficariam os filhotes. E nessa empreitada de marcenaria até o Parker, presidente da regional do Sinpaf, deu uma mãozinha.

A obra de marcenaria para proteger os filhotes da chuva

Caixa pronta, foi a hora de arrumar tudo dentro do bueiro - sob a supervisão da gatinha-mãe. Pedaços de plástico, tijolos, madeiras, enfim, valia qualquer coisa para deixar o lugar seguro em caso de chuva forte.
Como infelizmente não foi possível resgatar a família inteira - mãe e bebês - essa acabou sendo a melhor alternativa...
A caixa de mandeira foi colocada dentro do bueiro para proteger a de papelão
A carinha de um dos bebezinhos dentro da caixa
Daqui para a frente, é monitorar e torcer para que a chuva dê uma trégua e, o mais importante, que a gatinha-mãe aceite a nossa colaboração e não mude as criancinhas de lugar...
Você, hein, São Francisco?! 
kkkkkkkkkkkk

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